quinta-feira, 2 de julho de 2020

Deusa em Óbidos - a Rainha do Lugar

 

A vila de Óbidos, rezam as crónicas, foi fundada em 308 a. C. pelo povo celta e o seu nome antigo parece ter sido Eburobrício, com ressonância céltica. Estas ruínas, entretanto, são oficialmente consideradas romanas, embora sejam designadas por um topónimo que contém em si o nome da Grande Deusa celta.... Terá uma povoação pré-existente sido posteriormente romanizada?

Ver entretanto a Teoria da Continuidade Paleolítica que postula que somos celtas desde a origem e até que a cultura Celta nasceu precisamente nesta zona do mundo em que habitamos...

Aí bem perto das ruínas de Eburobrício brotam as águas sulfurosas, que uns cinco quilómetros adiante são as caldas que encantaram a Rainha Leonor, consorte de João II, no século XV, e fizeram depois a glória dessa bem conhecida cidade da região Oeste, que é Caldas da Rainha. Certamente que o povo celta e romano e todos os povos que habitaram essa antiga cidade de Eburobrício, ou Eburobrittium, se banharam nessas águas de cura, que, segundo especialistas, caiu como chuva na Serra dos Candeeiros há mais de dois mil anos. Ela demorou depois todo esse tempo para chegar aqui tão enriquecida e aquecida, sendo um precioso bálsamo para doenças várias.
A propósito de Rainha, lembrar que na Roda do Ano da Deusa, a Deusa no Seu aspecto Rainha é celebrada pelo Equinócio do Outono, o festival das segundas Colheitas, direcção Oeste, elemento Terra.

Curiosamente, à Casa das Rainhas pertenceu Óbidos no passado, tendo tido em Isabel de Aragão, consorte do rei Dinis, no século XIV, a sua primeira proprietária.
Ora, como povoado celta na origem, é evidente que Óbidos esteve durante séculos, até aos romanos, no mínimo, sob a protecção da Grande Deusa celta, que foi invocada como Brígida/Brigântia. Mas também Iria com Ela se relaciona, tal como Erin na Irlanda tem relação com Brígida, lembrando que a mesma Deusa tem várias denominações, que designam as Suas múltiplas qualidades e atributos. O sufixo –bricio / –brittium, no topónimo Eburobrício/Eburobrittium, é a prova disso. Brito, Brites, Brás, Briteiros, Braga e Bragança, na origem Brigântia, são entre nós apelidos e topónimos com a mesma origem no teónimo Brigântia, ou Brígida, que já foram a mesma Deusa.

Os vestígios do Seu culto no nosso território são inúmeros, conforme referiu no seu magnífico trabalho a investigadora Gabriela Morais, focando-se na capital portuguesa: "Lisboa guarda segredos milenares - Santa Brígida, uma Deusa céltica no Lumiar" .

Na nossa Roda do Ano, como referi acima, Brigântia é a Deusa da Terra, direcção Oeste, a protectora e defensora da terra, uma Deusa com semelhanças com Vitória, Minerva, Atena ou Cibele, muitas vezes representada com uma torre sobre a cabeça, invocando o Seu estatuto também de Deusa da Cidade.

Olhando lá no alto para a torre circular, incluída nas muralhas de Óbidos, não podemos deixar de imaginar como esse pequeno torreão redondo assentaria bem na cabeça daquela que é Deusa da Cidade e da Civilização em geral, Brígida/Brigântia, parecido com a que exibe como toucado numa representação que foi encontrada algures. Mais um elemento a acrescentar à linguagem da Deusa neste lugar tão delicioso.

A descoberta da antiga cidade de Eburobrício
”Em 1994, as obras para a construção das estradas IC1 e IP6, na freguesia de Gaeiras em Óbidos, próximo do Santuário do Senhor Jesus da Pedra, deixaram a descoberto vestígios arqueológicos do período da invasão romana da península Ibérica. No ano seguinte, em 1995, descobriu-se mesmo um Fórum romano. Ainda se desconhece a dimensão das áreas habitacionais.”
A cidade terá sido erguida ao tempo de César Augusto, no final do século I a.C., e sobreviveu até à segunda metade do século V. Alguns dos espaços foram posteriormente reocupados, como se verifica pela existência de dois edifícios medievais.
A cidade é referida pelo escritor romano Plínio-o-Velho, no século I, na obra "Naturalis Historia". Wikipedia

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