quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Ser Sacerdotisa da Deusa: Percorrer um Caminho Antigo


Toda a minha vivência desde o meu nascimento foi dividido entre a Caparica (vida citadina) e Casal da Mimosa (campo).
Os meus pais e avós transmitiram-me o respeito pela Natureza, os ciclos do ano, as culturas de cada estação, as tradições de cada época.
Criança, isso era tudo muito natural e não associava a nada mais, mas agora aberta ao caminho da Deusa, reconheço que a celebrava e honrava.

Ir com a minha avó fazer um piquenique para o campo esperar a Primavera, ir apanhar a espiga, fazer os bolos ferradura, usados nos casamentos mas também no dia 1 de maio, que com a avó ia ao largo onde se fazia as festas e com uma coroa de flores na cabeça, nós meninas mulheres éramos consagradas à Nossa Senhora da Conceição, a senhora que tinha a lua aos pés, e oferecíamos os bolos.

De verão, passado com os meus primos e explorávamos tudo a volta, um dia decidimos ir visitar a Gruta da Moura, mas os nossos pais não gostavam que nos aventurássemos para terrenos tão desconhecidos, porque diziam os antigos que ali aparecia uma senhora de cabelos negros muito compridos que enfeitiçava os homens, e eles desapareciam quando entravam por aquele buraco, que não tinha fundo.

Isto tudo para dizer que desde criança contactava com tradições da deusa, simplesmente desconhecia, mas ao qual não era totalmente indiferente.
Hoje quero desvendar essas tradições. Voltar aos locais e resgatar a Deusa. Dar-lhe o lugar que lhe pertence. Honrá-la.
Recolher toda a informação para poder trabalhar cada local. Sinto-me parte integrante deles quando os visito.

Hoje, com algum caminho percorrido, e com os ensinamentos recebidos, sinto que sempre percorri um caminho antigo, algo que os nossos antepassados preservaram e que permitiram a quem se dedique, o siga.
Não são facilidades, sei que haverá muitos desafios, mas olhando para trás, num momento era uma pequena semente, do embrião foi-se formando uma frágil criança, fruto do milagre da vida, do útero da Mãe.

Nasci, cresci, fui amparada, confiei e transformei-me. Olho para trás e sorrio, porque a criança frágil, esta forte e madura, e sei que muito há a aprender e a minha sede pelo saber está mais aguçado.
A Grande Mãe ensinou-me que hoje e em cada dia, tenho a força do Universo, a luz do Sol, o resplendor do Fogo, o brilho da Lua, a presteza do vento, a profundidade do Mar, a estabilidade da Terra e a firmeza da Rocha.
Que a Mãe continue a me acompanhar e permita que permaneça no seu caminho.
Abençoada.

Florbela Peres

(Irmã das Hespérides prestes a fazer a sua dedicação como Sacerdotisa da Deusa do Jardim das Hespérides)

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Ser Sacerdotisa: Responder ao Apelo da Deusa

Quando penso na palavra sacerdotisa é como recuar no tempo! É sentir um despertar na minha alma, um acordar ao som de uma bela melodia há muito, muito tempo adormecida dentro de mim! O meu coração bate forte, a respiração fica acelerada. O meu corpo quer dançar de forma livre e apaixonada!

Eu fui criada na religião católica e sempre segui uma vida muito organizada, bem delineada, seguindo determinados padrões que pareciam estar certos, como, estudar, tirar um curso superior, casar e ter filhos, que me foram incutidos de forma amorosa como sendo o melhor mas ao mesmo tempo dando-me liberdade para eu escolher o melhor para mim.

Dentro do meu Ser sentia um fervilhar de emoções! Essas emoções queriam ter Voz! Essa Voz queria materializar-se, era um chamado que vinha da Alma, do Coração! Olhando bem trás, e recordando as histórias da minha linhagem materna e paterna vejo que todas as mulheres da minha família estavam ligadas à Deusa e também sentiram essa Voz! Esse Chamado! As minhas antepassadas já eram Sacerdotisas da Deusa, estava no nosso ADN esse chamamento! Sou uma sacerdotisa da Deusa!
Quando fecho os meus olhos entro um estado profundo de êxtase, e mergulho nas minhas mais profundas memórias desta vida, e de outras vidas entrando em contato com a minha verdadeira essência resgato o meu empoderamento e o meu poder pessoal e o meu papel de Sacerdotisa na minha Vida! Ser Sacerdotisa da Deusa significa significa sermos autênticas, ouvir os nossos desejos!
Ser uma sacerdotisa da Deusa é redescobrir-se, relembrando o que sempre se soube, desde tempos longínquos que não é algo concedido com os papéis do patriarcado nem com os seus métodos lineares! Ser Sacerdotisa da Deusa significa aceder ao divino feminino e ser capaz de ouvir os sons do mundo natural como sussurros de um segredo tão antigo, quanto um tesouro!

Ser Sacerdotisa da Deusa significa sentir – me conectada com a Deusa como fossemos uma Só! Ser Sacerdotisa da Deusa significa sentir um chamado da alma, visceral, transcendental e ancestral
Ser Sacerdotisa da Deusa significa ser uma ponte entre o Sagrado e o Mundano!
Ser Sacerdotisa da Deusa significa honrar outras mulheres e homens!
Ser Sacerdotisa da Deusa significa sermos fiéis aos nossos princípios!
Ser Sacerdotisa da Deusa significa estar presente para os outros!
Ser Sacerdotisa da Deusa significa saber ouvir a melodia dos pássaros, do vento!
Ser Sacerdotisa da Deusa significa interpretar os elementos, Água, Terra, Fogo o Ar através de oráculos!

Ser Sacerdotisa da Deusa significa ser a antena captando e transmitindo aos demais imagens e sons que já pré-existem em outras esferas, mas que estão além dos sentidos do Ser Humano comum! “Decidi fazer esta Formação de Sacerdotisa Da Deusa porque muitas mulheres precisam saber como éramos respeitadas na sociedade pré patriarcal!”
Ser Sacerdotisa da Deusa significa realizar cerimónias e ritos sagrados e acompanhar as necessidades espirituais da comunidade!
Ser Sacerdotisa da Deusa significa ser uma canal entre mundos, para lá dos véus!
Ser Sacerdotisa da Deusa significa gratidão pela Vida!
Ser Sacerdotisa da Deusa significa comprometer-me a transmitir, preservar e defender a tradição e o saber dos antepassados!
Ser Sacerdotisa da Deusa significa ser guiada pelos antepassados!
Ser Sacerdotisa da Deusa significa ser guardiã da Grande Mãe e ensinar as pessoas a respeita-la e a defendê-la!

Ser Sacerdotisa da Deusa significa o equilíbrio entre o feminino e o masculino! Ser Sacerdotisa da Deusa significa acender uma esperança no coração da humanidade!
Ser Sacerdotisa da Deusa significa reconhecer a importância de uma sociedade igualitária onde todos os géneros tem o mesmo valor!

Ser Sacerdotisa da Deusa significa ser eu própria!

Que a Deusa esteja sempre connosco e ilumine o nosso caminho até casa!
Gratidão a Luiza Frazão e as minhas irmãs por estes dois anos fantásticos e maravilhosos em que aprofundei os meus conhecimentos sobre a Deusa no nosso território, Jardim das Hespérides.

Sandra Cristina Santos (Irmã das Hespérides prestes a fazer a sua dedicação como Sacerdotisa da Deusa do Jardim das Hespérides)

Setembro 2020

terça-feira, 1 de setembro de 2020

SER UMA SACERDOTISA, o que isso significa no sentir duma irmã de caminho


Sagrado Feminino, Ser Mulher, Ser Filha Da Terra e Sua eterna aprendiz, Pagã, aquela que cultua a Terra Viva, honrando a Deusa... percorrendo o Jardim das Hespérides.

Já havia despertado para o Sagrado Feminino faz algum tempo, já há algum tempo que o Caminho da Deusa, se havia cruzado com o meu, o meu com o Dela, e na verdade percebi que sempre fez parte do meu caminho, visto que desde que o percorro com os pés da Alma, sinto ser um resgate que completa o meu pensar, sentir, agir, fazer... me leva à totalidade. Também já fazia algum tempo que intuitivamente seguia o calendário primordial, a Roda Do Ano, e tanto sentido fazia/faz para mim. Adorava trabalhar esta energia, ainda que primeiramente seguindo os sussurros da essência, e partilhá-la. Dava-me um prazer imenso dá-la a conhecer.

Até que um dia, mergulhada numa livraria, descubro o livro"A Deusa Do Jardim Das Hespérides"...
...e esta sublime viagem pelos meandros da Alma, da essência, da mente, corpo, coração... ao encontro Daquela Que É, Da Grande Mãe, Da Raiz... tornou-se ainda mais profunda.
A minha essência sussurrou-me o almejo de querer resgatar mais e mais a Sabedoria Ancestral, a Sabedoria da Mãe da Mãe da Mãe, das Magas, das Avós, das Luas, das Curandeiras, Ervideiras, Parteiras, Benzedeiras... das Sacerdotisas... das Mulheres que cultivavam o entendimento de cada parte de si, em harmonia com os ciclos da Natureza, em harmonia com A Deusa...
...surgiu a formação.
Adentrei neste Sagrado Templo, e logo se fizeram escutar os murmúrios de todas as Suas faces. Senti que estava no Sagrado Ventre da Mãe, e que Ela É Grande Mãe, A Primordial, Uma Só.
Senti, em nome da Deusa, vou-me tornar Sacerdotisa, vou estar ao Seu serviço. Trazer a Sua energia para o Planeta. Cumprir a missão que Ela tem para mim, trazer a humanidade, os seres de volta ao Seu Caminho, resgatar a energia da Mãe Primordial. Não servir humanos e egos, mas servir Aquela que É. Trabalhar a energia do regresso da Deusa ao nosso território, território de Cale. Servi-la e ser mãe e irmã de todas as Mulheres que vivem Nela. Em irmandade, em Amor pela Deusa, pela Fonte, pela Raiz, por todos os Seres. Dedicar-me à Terra Mãe, voltar à Raiz, protegê-La, dar a cara em Sua defesa, agir em prol da Sua preservação e de toda a Sua biodiversidade, de toda a Vida que Nela existe.
Assumindo o propósito de A amar, e A levar ao coração de cada irmã e irmão... passando saberes, aprendizagens, conhecimento às vindouras.
Sagrado Feminino, Ser Mulher, Ser Mulher Filha Da Terra e Sua eterna aprendiz, Pagã, aquela que cultua a Terra... honrando a Deusa... percorrendo o Jardim das Hespérides.
Amar a Terra, ser aprendiz dos Seus cheiros e sabores, das Suas cores e melodias, aprendiz dos Seus silêncios e folhas, luas, auroras, ervas... noites e dias, noites que parem dias... aprendiz das Suas faces e dos Seus sóis, aprendiz das raízes, troncos, flores que se deixam cair para o fruto vir... aprendiz das Suas estações, águas das fontes, rios debaixo dos rios, dos mares que contêm marés na imensidão oceânica... aprendiz das Suas faces, sementes de onde brotam flores, dos Seus mistérios e misteriosos caminhos... encantadores ciclos, e empoderadas montanhas que são corpo Sagrado por onde respeitosamente caminho com profunda gentileza no meu pequenino coração que bate em uníssono com O Dela... aprendiz das suas medicinas tão ancestrais alquímicas, curadoras... eterna aprendiz.
Durante tempos sem tempo, tempos que vão decorrendo, entregando-me a aprendizagens com outras inspiradoras Mulheres e ensinamentos da Vida.

Alimentando sempre o gerúndio visto que, na verdade, este trabalho vai crescendo a cada passo que dou, a cada caminho percorrido, a cada jornada da Vida... a cada descascar, a cada despir de velhas roupagens, a cada abandono de apegos e crenças limitantes.

Caminhando sempre na minha busca interior, nutrindo as minhas raízes no Seio da Terra Viva.
Seguir caminhando escutando a voz das Ancestrais, Benzedeiras, Ervideiras, Curandeiras, Parteiras... Magas Selvagens, Mulheres Despertas... que sussurram os seus saberes através de livros, testemunhos, círculos... Irmãs Mulheres inspiradoras.

Entregando-me ao Caminho da Grande Mãe, chegando à primeira Mãe... reverenciando a Terra Viva que nos/me acolhe e sustenta, sentindo-a com os pés descalços e entregue desde a Alma.
Seguir caminhando reconectando-me ao Feminino Divino Sagrado em mim, dando voz à intuição, curando-me.
Caminhando honrando todas as manifestações de Vida.
Acolhendo com Amor todas as faces da Deusa, e aprendendo a aceitar as minhas com Amor, Compaixão, Perdão, Generosidade, Gentileza.

Aprofundando sempre a consciência dos ciclos femininos, do fluxo criativo, da força, do verdadeiro potencial do Ser Mulher, indo até à verdadeira essência, à verdade que dita o coração, reconectando-me comigo mesma, e com a Mãe, libertando padrões, velhas roupagens, crenças limitantes, cultivando a compreensão de cada parte de mim até chegar à Mulher Selvagem, Virgem inteira em si/mim mesma.
Libertando-me da crítica para comigo, e para com outras Mulheres. Praticando a empatia, irmandade, sororidade.

Cultuando A Deusa, As Deusas, A Deusa em mim. Ela que é a Terra Mãe.
Empoderando-me cada vivência, sendo Curandeira de Mim, partilhando em Círculo Sagrado com Mulheres Irmãs, pois unidas somos força. A força da união, harmonia, cumplicidade, confiança, entrega e Amor entre nós, Mulheres. Unidas pelo que temos de mais belo, a nossa essência feminina, fomentando a Paz entre as Mulheres e todos os Seres, em equilíbrio... em círculos de partilha de emoções... as nossas mais profundas emoções, sem vergonha, medo, preconceito,... com Amor.
Indo em peregrinações do meu viver, dedicando-me ao conhecimento da Deusa... estudando, lendo, aprendendo, resgatando a Sabedoria Ancestral Feminina.

Despertar o Sagrado Feminino em nós, em mim, venerar a Deusa não é, nós Mulheres sermos melhores que os Homens, mas honrá-los como Irmãos... sentindo a profunda beleza deste equilíbrio.
Reverenciando a minha Mulher Selvagem, a Mulher Selvagem de cada Mulher, revendo-me noutras Mulheres, resgatando memórias, honrando a Ancestralidade. Amando-me mais a cada dia.
Morrendo-me, compostando-me, semeando-me, renascendo-me... sendo cíclica como Ela, em profundo respeito por Ela.

Eu Sou Malirah-El, aquela que abre os Caminhos Verdes dos Bosques, a Guardiã dos Bosques.

Sofi´lha Da Terra









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  O Templo criado para honrar a Deusa do nosso território, que está sob a tutela da Associação Cultural Jardim das Hespérides, organizadora ...