Noite das Mães: As Antigas Origens Pagãs do Pai Natal?
Esta pesquisa ajuda-nos a perceber por que razão o Dia da
Mãe em Portugal foi celebrado até há relativamente poucos anos em Dezembro. É
verdade que no princípio, dia 8, mas mesmo assim tinha conseguido permanecer neste
mês do Solstício de Inverno quando se honravam as Matronas do clã… Esta Mãe
colectiva, tripla, as Três Matres, também foi cultuada entre nós, eram as
Matrubos. Desconfio de aldeias que, sendo relativamente pequenas, conservam três
templos cristãos dedicados cada um a uma Senhora diferente... Que vos parece?...
Modraniht, a Noite das Mães
Os povos germânicos primitivos celebravam a noite anterior
ao Solstício de inverno como a Noite das Mães. O Venerável Bede, um monge
cristão do século VIII, escreveu sobre este facto na sua descrição do
calendário pagão. Em inglês antigo, chamavam-lhe Modraniht. Mais de 1100 pedras
votivas e altares foram encontrados ao longo dos séculos, dedicados às mães, ou
matronas, e metade destas pedras de altar foram inscritas e dedicadas com nomes
germânicos.
As principais áreas de culto foram descobertas na antiga
Germânia, no norte de Itália e no leste da Gália. Existem alguns centros de
culto maiores com templos encontrados ao longo do Reno. Muitos destes altares
foram encontrados perto de rios, poços ou nascentes. Os altares dedicados e as pedras
votivas chegavam até à atual Escócia, ao sul de Espanha, à Frísia e a Roma.
Há uma referência aos cultos maternos germânicos nos
escritos de Bede, em 725 d.C.: "E à noite que é sagrada para nós, estas
pessoas chamam modranect, ou seja, a noite das mães, um nome que lhes foi dado,
suspeito, devido às cerimónias que realizavam enquanto observavam esta
noite."
Muitas destas deusas ou espíritos tinham o nome da família
que as invocava, bem como o nome do rio ou da nascente que tutelava a cidade ou
aldeia local, como as matronas Albiahenae da cidade de Elvenich ou as Renahenae
do Reno. Das 1100 pedras votivas encontradas, mais de 360 designam os mesmos
grupos de matronas, as Aufaniae, as Suleviae e as Vacallinehae. Com base na
idade das inscrições em pedra, parece que o culto das matronas começou a
extinguir-se na Alemanha continental por volta do século V d.C., e Modraniht
deixou de ser tão amplamente celebrado à medida que o cristianismo se impôs.
O que é que podemos retirar do que a história nos conta? A
Noite das Mães era o momento de honrar as mães de "alma" da família e
da tribo que velavam por elas. Destinava-se às mães que tinham feito a
travessia, não àquelas que ainda viviam.
Na Noite das Mães, honra-se o sacrifício da vida para que as
mães ancestrais se tornem uma fonte de sabedoria e força para aquelas que ainda
vivem.
Gosto de começar a minha celebração criando um pequeno monte
de pedras num altar temporário. Honro primeiro as minhas mães que fizeram a
travessia, inscrevendo os seus nomes na pedra com giz. Acendo uma vela para
cada uma delas. Lembro-me delas e conto as suas histórias. Opto também por
honrar a força das mães ainda vivas, para que possam fazer parte dessa corrente
ancestral quando chegar a sua vez de atravessar o véu.
Chamo-me Sarah, sou filha de Margaret, filha de Patricia,
filha de Margaret, filha de Eliza, filha de Mary da Irlanda.
Rezo pela saúde dos meus entes queridos.
Rezo pela cura da minha amiga, uma mãe, que luta contra o
cancro da mama.
Rezo pela cura de uma amiga cuja mãe morreu faz hoje um ano.
Rezo pela cura de uma amiga que perdeu a sua mãe
recentemente, uma mãe cujo aniversário é hoje.
Rezo pela cura de uma amiga cuja mãe descobriu recentemente
que o seu cancro voltou.
Peço força para a minha sobrinha, que é mãe pela primeira
vez este ano.
Rezo para que o eco da sabedoria das mães que vieram antes
seja lembrado.
Rezo pela terra, pela nossa Grande Mãe, cujos ossos,
minerais e ADN animal nos deram vida.
~ Por Sarah Lyn
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Imagem 1 - Arte de Ida Mary Walker Larsen