Em Imbolc, escolhi para o Altar da Deusa o branco como cor predominante, significando a pureza e a inocência, a frescura da Deusa Donzela, e, enfim, a “folha em branco” onde se começam a inscrever os nossos próximos projetos e sonhos a concretizar.
No centro, está a imagem da Deusa Brígida com A qual me identifiquei muitíssimo e estabeleci uma ligação profunda desde a nossa Celebração conjunta de Imbolc a 31 de janeiro. Dirijo a Ela, todas as noites, a Oração Celta de Proteção e Benção, e acendo em ritual a vela a Ela dedicada, em sincronia com as/os irmãs/ãos que se conectaram através do Grupo “Chama de Brígida”. Essa conexão diária, à mesma hora, das nossas energias em torno de Brígida, transmitiu-me uma grande sensação de união e comunhão, deu-me muita força, e trouxe-me o sentimento de que não estou sozinha nesta caminhada espiritual. Foi uma iniciativa encantadora.
A Deusa Brígida, Senhora da Luz, do Fogo, da Chama Eterna, Senhora da Oliveira, das Águas medicinais, Senhora da Cura, e de tantos outros atributos, cativou-me muito, e por isso escolhi uma imagem Dela que representa sobretudo a força do Seu Fogo e da Sua Chama Eterna, que associo à força interna que nos move e impele a todas/os.
De facto, é agora que Ela (e nós com Ela) inaugura um tempo de Luz, em que as sementes germinam no ventre da Terra, bem como os nossos sonhos e projetos, para depois dar lugar à fertilidade, saindo da terra para o calor do Sol, que os vai fazer crescer. A própria Deusa Brígida tem também a sua vertente de fertilidade, pelo que a Sua imagem é um forte simbolismo do começo de um novo ciclo vivificante.
Dispus, com alegria e orgulho, o primeiro Olho de Brígida que elaborei (também para a Celebração de Imbolc), e que é especial para mim, pois consagrei-o na nossa Cerimónia, e desde então é um dos meus talismãs de proteção e bênçãos da Deusa Brígida. Para ele, utilizei lã de cor branca, significando, uma vez mais, a pureza da Deusa Menina e de um novo início, e lã verde, que representa a oliveira, a luz, a lenha e o alimento que nos dá, sendo também o verde uma cor com propriedades terapêuticas, bem a propósito de um dos dons de Iria-Brígida, a cura. Pessoalmente, dediquei-a à cura da minha Criança Interior.
Integrei igualmente ramos e folhas de oliveira, dedicadas à Senhora da Luz e da Oliveira (árvore tão presente e importante na nossa cultura e território, para dar alimento e iluminação), e árvore sagrada de Eufémia, a mais jovem das nove Hespérides. Daí, também, a presença de um pouco de azeite no Altar. A oliveira – as suas folhas – têm propriedades curativas, mais uma vez atributo da Deusa Brígida, que assim honro.
As gipsofilas que decoram são brancas e pequeninas, em homenagem à Deusa Menina.
No Altar estão igualmente fios de lã branca, com que nos abrigamos nestes dias ainda frios, e que é mais um elemento vindo da própria Deusa, no Seu atributo de Aquela que ensinou a pastorícia aos nossos ancestrais, como fonte de alimento e de agasalho.
Neste seguimento, figura também uma taça de leite, não só pelo aspeto referido no parágrafo anterior, mas porque Imbolc significa literalmente “no leite”, nomeadamente, remetendo para o “leite de ovelha”, “(…) na altura das suas primeiras crias, sinónimos de vida nova” (in “A Deusa do Jardim das Hespérides”).
Também presente está um pequeno poema que dediquei a Brígida, como prova de devoção a Ela – Deusa protetora da criatividade e inspiração –, e com pedidos para a Sua bênção e proteção.
- a vela branca representando o Fogo de Brígida, a Leste (vela já usada mas com uma energia especial, porque é a mesma que, desde 1 de Fevereiro, tenho acendido, e com ela orado à Deusa);
- a Sul, o cálice com Água, uma água com propriedades especiais, em honra de Brígida (magnetizada em Sandelgas, um local perto de Coimbra, com uma conhecida e forte corrente energética e espiritual);
- os cristais e a pirâmide de quartzo branco, e a selenite branca, representando a Terra, a Oeste;
- a Norte, simbolizando o elemento Ar, incenso, penas de aves, e imagens de animais totémicos associados ao Imbolc (a Cegonha, a primeira ave migratória a chegar ao nosso território anunciando a nova fase do ano; o Cisne, criatura sagrada da Donzela, meio pato/meio serpente (meio água/meio fogo); a Fénix, obviamente relacionada com o renascimento que tem lugar no Imbolc. Incluí também corujas: uma Coruja branca, símbolo de sabedoria profunda e a sua cor de pureza, e a Coruja Maori (que descobri, com entusiasmo, não podia ser mais apropriada, pois é um símbolo ancestral da sabedoria e da alma femininas, na ancestral cultura Maori, na Nova Zelândia).
Estão também sempre no altar a salva e o alecrim, ervas da minha predileção, para defumar, com propósito de limpeza energética do espaço e da aura.
AMendes