Hoje é dia 13 de Outubro.
A Rainha do Verão vai partir.
Ela ficou connosco metade do ano, no bom tempo do Verão, e
agora dizemos-Lhe adeus, embora ela permaneça nos nossos corações.
Daqui a uma semana, a Senhora do Verão será levada para a
Sua dimensão sagrada do outro lado do véu, pelas sagradas águas do Nabão,
depois do Zêzere e finalmente o Tejo, Como Perséfone na Grécia e Proserpina, a
filha de Ceres, em Roma, descem ao inframundo, ao reino de Hades ou de Plutão.
Em Tomar, dia 20 de Outubro, o povo, e nós mulheres da Deusa
que dele fazemos parte, despedimo-nos de Iria, a Rainha da Terra abençoada e
próspera, ensolarada, generosa, abundante, farta, do Verão… A luz dos Seus dias
vai começar agora a recolher-se; dias breves e noites longas da Anciã Rainha do
Inverno aguardam-nos na nossa caminhada cíclica sobre esta terra amada que nos
acolhe.
A terra precisa de repouso. Para se preparar para uma nova fase
de criação, ela precisa primeiro de desfazer-se daquilo que prescreveu ou
envelheceu, da velha forma. A morte é imprescindível à renovação da Vida. Sem
ela não haverá novos rebentos, nova criação.
Em Tomar, dia 20 de Outubro, acolhemos por isso, em devoção,
a Anciã do Inverno, Senhora da Morte, Transformação e Renascimento, guardiã das
sementes, parteira da alma e da nova vida.
Em Tomar, honramos a sabedoria arcana das nossas
antepassadas e antepassados, celebrando à nossa maneira os mistérios de Iria, a
alternância das estações, abençoando e sendo abençoadas pela Senhora da Terra
do Meio, nas Suas duas faces de Anciã e Donzela. Assim seja, assim é!
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