O CORPO DA DEUSA
Quando a Grande Deusa era adorada pela humanidade, o Seu
corpo era visto na própria terra, era a própria Terra. O seu ventre prenhe era
percebido nos montes cujas caves, que foram os primeiros templos, como é muito
óbvio na cultura cretense, eram o seu útero onde tem origem a vida. Um dos mais
primordiais títulos da Deusa era Senhora do Monte. Ninkursag (Nin-kur-sag),
Senhora do Monte Sagrado, em sumério. A sua vulva é visível em várias fendas na
rocha, terra, árvores. A sua silhueta recortada na paisagem é frequente em
várias paisagens. Esses lugares eram sagrados para as nossas antepassadas e para
os nossos antepassados, sobretudo quando outros fatores se conjugavam, como a
passagem ou cruzamento de linhas de energia ou até quando vários destes
elementos do corpo da Deusa se combinavam.
A primeira vez que o investigador escocês Stuart McHardy me
falou de montes duplos sagrados, perguntando-me se existiam em Portugal, ou se
eram popularmente reconhecidos como os “seios da Deusa”, achei a pergunta
estranha, nunca tinha ouvido falar de nada parecido, a Deusa/Nossa Senhora,
estava nas igrejas, ninguém A vislumbrava na natureza, se essa ideia alguma vez
existiu, e agora estou segura de que sim, terá sido, como muitas outras crenças
pagãs, erradicada pela Inquisição.
Entretanto, à medida que a minha investigação no tema
prosseguiu, os primeiros montes duplos sagrados revelaram-se-me na zona onde
vivo. Sei que eram sagrados porque estão naquilo que podemos considerar que foi
o complexo de um templo, nas imediações da nascente do rio, onde existem duas
caves que foram locais de culto e estão hoje classificadas como monumentos
nacionais, dedicadas portanto à Deusa no seu aspeto Anciã da Morte. Aí, exatamente frente a esses dois montes gémeos, ergue-se
uma pequena ermida dedicada à Senhora da Luz, uma das denominações da Deusa
Donzela do Imbolc. Seriam então mais “Maiden Paps” (https://en.wikipedia.org/wiki/Maiden_Paps_%28Caithness%29
).
“A dupla montanha determinava o vale onde nascia o sol entre
montanhas e era uma analogia dos seios da Deusa Mãe que aleitava o sol mal este
nascia de manhã para regressar ao pôr-do- sol ao seio da Deusa Mãe da Noite
Primordial. Para as antigas egípcias e os antigos egípcios, esta montanha era
real e dominava a silhueta de montanhas do Vale dos Reis. A importância deste mito determinou conceitos tão fortes que
estiveram na origem do ideograma M, de que deriva a letra latina e grega para
eme, que é tanto de ma / mãe como da dupla montanha = mamas, e era paralelo dos
conceitos dos duplos pilares que seguravam a abóbada celeste, que eram as
colunas de Hércules, que mais não eram do que, a Ocidente, as pernas da Deusa
Mãe e, a Oriente, os Seus braços.” Artur Felisberto, blogue Numância (adaptado
por mim).
Estes montes em forma de seio podem entretanto não ser duplos,
mas ser apenas um, tal como o Tor de Glastonbury é visto como o seio esquerdo
da Deusa do lugar, Nolava/Avalónia, a Senhora de Avalon.
“A
breast-shaped hill is a mountain in the shape of a human breast. Some such
hills are named "Pap", a word for the breast or nipple. Such
anthropomorphic geographic features are to be found in different places of the
world and in some cultures they were revered as the attributes of the Mother
Goddess, such as the Paps of Anu, named after Anu, an important female deity of
pre-Christian Ireland.”
https://en.wikipedia.org/wiki/Breast-shaped_hill
Luiza Frazão, autora de A Deusa do Jardim das Hespérides: Desvelando a Dimensão Encoberta do Sagrado Feminino no Nosso Território
Luiza Frazão, autora de A Deusa do Jardim das Hespérides: Desvelando a Dimensão Encoberta do Sagrado Feminino no Nosso Território
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