sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Oferendas aos Seres Míticos e o Pacto Ancestral com a Terra

por Jason Hine

(tradução e adaptação em português)

 O pão, o leite e o pacto esquecido

Muitas pessoas ainda hoje oferecem pão e leite aos duendes e fadas.
Mas afinal — qual é o propósito verdadeiro dessa antiga prática?
Quem fez, em primeiro lugar, esse pacto com o povo das colinas?
E como podemos, em tempos de crise ecológica, alimentar o que nos alimenta — com a intenção de compostar o Antropoceno?

“É fácil deixar um pouco de leite para as fadas,
mas difícil oferecer algo que verdadeiramente regenere o mundo.”

As oferendas como elos de memória

Algumas tradições dizem que certas fadas são ancestrais trans-humanizados — espíritos de antigas linhagens humanas.
Se isso é verdade, por que se interessariam por alimentos que os caçadores-coletores nem podiam digerir?

A resposta pode estar nas memórias.
As oferendas não servem apenas como alimento simbólico, mas como elos de lembrança — fios vivos que reconectam os humanos à vasta rede de inteligências da Terra e ao motor vital das bio-regiões.

“O que realmente se oferece não é a substância,
mas as origens lembradas
a história viva e cantada que refaz a teia do mundo.”

Conhecer as origens é o verdadeiro ritual

O valor da oferenda está em conhecer a sua proveniência:
Quem cultivou o grão?
De onde veio o leite?
Que emoções acompanharam quem colheu, amassou e preparou?
Quando essa história é esquecida, ocorre perda de alma e desligamento do corpo da Terra.

“A história lembrada é a oferenda.”

Ao relembrar os elos físicos com a bio-região, refazemos o mundo.
Voltamos a fazer parte da comunidade mais-que-humana — composta de plantas, rios, ventos, pedras, animais e espíritos do lugar.

Oferenda x Sacrifício

As culturas de sacrifício surgem quando a memória se rompe.
São tentativas desesperadas de reparar o esquecimento.
Sacrifícios aparecem quando as coisas já deram errado.

Durante a Idade do Bronze, povos isolados em terras devastadas por desmatamento e erosão tentaram, através de sacrifícios, restaurar a abundância — mas geralmente tarde demais.
Grande parte do “paganismo” posterior foi, talvez, uma tentativa de corrigir o antigo erro ecológico.

Com o Cristianismo, surgiu o “sacrifício final” — o meta-sacrifício que encerraria todos os outros.
Mas ao substituir o ritual físico e ecológico por um sacrifício simbólico e interno, o Cristianismo rompeu os últimos fios de ligação com as tradições de abundância da Terra.
Essa ruptura abriu caminho tanto para as culturas industriais quanto para o racionalismo cartesiano.

 

De que as divindades realmente se alimentam

Hoje, muitas oferendas são apenas gestos vazios — sacrifícios disfarçados.
Mas os seres míticos não se alimentam da matéria, e sim da história, do amor e da memória contidos no gesto.

Elas e eles alimentam-se:

  • do cordão de conchas feito à mão,
  • do leite de um animal cuidado com ternura,
  • da canção de louvor composta no coração,
  • do pão assado com conhecimento da sua origem.

“Os deuses alimentam-se da proveniência —
o fio vivo da memória ancestral
que se estende antes da última era do gelo.”

Ao oferecer algo feito à mão e de origem conhecida, nossas mãos se unem às mãos de milhares de gerações anteriores.
Deixamos de ser “apenas eu” e nos tornamos uma extensão da vontade maior da Terra, um coro de carvalhos, montanhas, corvos, salmões e flores.

Oferecer é relembrar

Pergunta-te:
De onde veio este pão?
Quem cultivou o centeio?
Como esta abóbora viajou da América do Sul até à tua mesa?
Como o trigo saiu do vale do Eufrates e chegou à tua terra?

Essas são as canções que alimentam as divindades.
Canta as histórias das plantas, das mãos que as plantaram, das tradições que as sustentam.
É disso que as divindades se alimentam.

Regenerar a Terra: a maior oferenda

Hoje, não é possível falar em magia, bruxaria, paganismo ou espiritualidade ecológica sem regeneração real da Terra.
O fio dourado da memória ancestral não pode ser refeito enquanto o solo estiver esquecido.

Por isso, a maior oferenda que podemos fazer é:
🌳 reflorestar,
💧 restaurar rios e nascentes,
🌻 plantar ervas e árvores,
🏡 cuidar de pequenos pedaços de terra,
🌆 criar redes e comunidades regenerativas, mesmo nas cidades.

“A regeneração da Terra é a oferenda mais bela e urgente.”

Quando unida a canções, danças e objetos de origem conhecida, essa prática torna-se um presente sagrado aos seres míticos — e ao planeta que nos sustenta.

🌍 Refazendo o pacto

Há milhares de anos, quando deixamos de caçar e passamos a cultivar, fizemos um pacto com os seres da Terra.
As oferendas às fadas são ecos distantes desse pacto.

Mas quando rompemos essa relação — com a industrialização e o esquecimento da alma — o pacto foi quebrado.
Agora, é hora de negociar um novo acordo.

Hoje, não basta oferecer leite, incenso ou whisky.
Precisamos de restaurar a Terra até ao ponto ecológico do último pacto —
antes da devastação e da perda da memória.

Isso requer a criação de ecocívios (cidadãs e cidadãos conscientes), vilas-florestas, economias regenerativas e bio-regiões restauradas.
Mesmo o cuidado com um pequeno jardim urbano já é um começo — uma oferenda viva.

Conclusão: o novo pacto com a Terra

Através da regeneração do solo, da restauração da água e das oferendas de origem conhecida, começamos o “retecimento” da nossa relação com todos os seres
plantas, animais, rios, montanhas e espíritos.

E assim, um novo pacto é feito com os seres mais-que-humanos da Terra.
Um pacto de memória, gratidão e regeneração.

“Ao relembrar, retecemos.
Ao regenerar, reencantamos.
E ao oferecer com consciência,
alimentamos novamente o corpo da Terra.”

Jason Hine

(Escritor, ecologista, contador de histórias e facilitador de rituais; um dos principais nomes ligados ao movimento de ecologia animista e mitopoética no Reino Unido;

Ex-professor e cofundador da Feral College, uma escola alternativa dedicada a estudos de ecologia mítica, rewilding espiritual e práticas de reconexão com a terra;

Autor de vários ensaios que circulam em blogs, redes sociais (como Facebook) e em coletâneas independentes de ecologia e espiritualidade.

O tema central dele é o “reenraizamento ecológico e espiritual” através das “ofertas de origem lembrada” (remembered origins offerings), que liga práticas pagãs antigas à regeneração ecológica contemporânea — um conceito que ele chama de “composting the Anthropocene” (compostar o Antropoceno).

 

 



sexta-feira, 3 de outubro de 2025

ESCLARECIMENTO EM NOME DA SACERDOTISA RESPONSÁVEL PELO TEMPLO, LUIZA FRAZÃO

 


Facebook - Luiza Frazão

@sacerdotisaluizafrazao
@templodashesperides
@conferenciadadeusaportugal

Queridas amigas e amigos e membros da comunidade do Facebook, Instagram, Conferência da Deusa e Templo da Deusa do Jardim das Hespérides,

Na tarde do dia 1 de outubro, enquanto acompanhava as obras de impermeabilização no telhado da minha casa, a minha conta do Facebook foi alvo de um ataque cibernético grave. Uma publicação maliciosa e criminosa foi feita em meu nome, com conteúdo abjeto de teor ped*filo e com o claro objetivo de causar o maior dano possível.

As consequências foram imediatas: as minhas duas páginas no Facebook — “Luiza Frazão” e “Sacerdotisa em Avalon” — foram desativadas sem qualquer possibilidade de defesa. Pouco depois, as três contas que administro no Instagram também foram removidas:

  • A minha conta pessoal: @sacerdotisaluizafrazao
  • A página do Templo da Deusa: @templodashesperides
  • A página da Conferência da Deusa em Portugal: @conferenciadadeusaportugal

A plataforma assumiu automaticamente que a publicação havia sido feita por mim, sem qualquer investigação técnica mais aprofundada para apurar a verdadeira origem — algo que poderia ter sido facilmente rastreado através do endereço IP ou da localização do dispositivo. Fui assim penalizada e injustamente associada a um conteúdo abjeto, que repudio de forma absoluta.

Tenho uma presença ativa no Facebook há quase 20 anos. Ao longo deste tempo, como muitas outras pessoas, enfrentei alguns ataques virais — incómodos, mas sem mais. No entanto, nunca tinha passado por uma situação tão grave, que apagou a minha presença digital e afetou diretamente o trabalho pessoal, espiritual e comunitário que venho desenvolvendo há décadas.

Neste momento, estou a tomar todas as diligências possíveis para tentar recuperar as contas, enquanto mantenho a fé num verdadeiro milagre da Deusa. Abençoada.

Agradeço, desde já, a compreensão, o apoio e as boas energias de todas e de todos.

Que a Deusa nos proteja e abençoe — especialmente às crianças deste mundo.

Com gratidão,

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Lammas, Evocando as Águas Amnióticas da Grande Mãe

Águas de Lammas, Águas da Vida

Lammas, Lughnasadh, é o festival celta das Primeiras Colheitas

Celebra-se a 1 de Agosto e nele se honra a Deusa no Seu aspecto de Mãe, de Grande Criadora, de Senhora do Grão, dos Cereais, da Nutrição e da Abundância, a Senhora do Leite, a Senhora da Hora (do Parto), da terra cultivada, diferente da terra selvagem que celebramos em Mabon. A Grande Mãe que "trabalha na estrutura energética da terra e da comunidade, carregando no Seu  vasto útero os ovos dourados do futuro"*

Nesta altura celebramos a nossa Deusa Mãe Caria, cujo nome se aproxima do da Deusa Mãe romana Ceres, e da Deusa cretense Ker bem como da palavra cereal; celebramos também Broénia, na origem do nome que damos ao pão de milho, a broa - lembrando que o milho painço já existia na Europa antes das viagens de exploração intercontinentais. Neste festival, em honra igualmente está Deméter e todas as Deusas Mães, incluindo Isis e a hindu Lalita, ou Metragirta, da Roda da Ibéria, Asherat e muitas outras. 

Na Roda de Avalon também é celebrada Madron, ou Modron, Deusa Mãe muito arcaica, diz-se que desde antes do grande dilúvio. Ela está particularmente associada às águas da fertilidade e da criação, o líquido amniótico onde nos criámos no ventre das nossas mães. Conhecido em muitas tradições espirituais como “águas sagradas”, “oceano primordial”, ou “mar interior”, Madron ainda tem o Seu poço sagrado na Cornualha.

Essas águas, tão apetecidas e decisivas para a nossa sobrevivência e a de toda a vida, especialmente nos meses abrasadores do verão, esse líquido tão precioso onde a vida se gera e se cria, é também sagrado e especialmente dedicado à fertilidade do útero feminino em fontes como a de São Pedro de Rates Localização, situada nas proximidades da Igreja Românica do mesmo lugar, uma freguesia da Póvoa de Varzim, no distrito de Braga. Esta é uma fonte tradicionalmente associada a rituais populares relacionados com a fertilidade, quer para casais que desejam ter filhos, quer para a fecundidade da terra. Costa que durante séculos, pessoas vinham à fonte pedir bênçãos, beber a água ou realizar rituais, numa mistura de tradições pagãs e cristãs ou pagãs cristianizadas.

Existem em Portugal vários outros exemplos de águas, ou de fonte associadas à fertilidade: incluindo a Fonte Santa de Santa Maria da Feira; a Fonte da Senhora da Piedade (Região Centro); Fontes termais e santuários de águas milagrosas, como Vila Real, Caldas da Rainha, ou Chaves onde as águas quentes e minerais eram usadas para tratamentos, inclusive ligados à fertilidade. Ainda na Cidade da Senhora da Hora (por certo uma referência a um anseio frequente nas mulheres de terem um bom parto), aí a Fonte das Sete Bicas está associada à fertilidade feminina. Mulheres grávidas ou que desejavam engravidar, bem como agricultores preocupados com a reprodução dos animais, recorriam a esses locais. Os rituais incluíam beber a água, lavar-se nela, ou mesmo amarrar fitas coloridas nas árvores próximas como símbolo de pedidos e agradecimentos.

Mas são inúmeros no nosso território os lugares onde águas de nascentes, de tanques e pias, em lugares de milagre e devoção, carregam este poder sagrado de propiciar a criação de nova vida, sendo vistas e sentidas como as águas amnióticas da Grande Mãe. Basta sentir a aura dum lugar, como a Pia da Ovelha, rodeada de símbolos vulvares nas paredes de pedra do maciço calcário estremenho, na companhia duma Sheela na Gig, ou Baubo, exibindo o seu portal interdimensional para percebermos a sua ligação com o parto, a fertilidade e a Grande Mãe. Junto dessa formação natural, a famosa Pia da Ovelha, onde um pingo constante de água assegura o seu perpétuo abastecimento, e não temos dúvidas de que aquele é antes de mais o precioso líquido amniótico do útero da Grande Criadora, ali albergado na lapa-útero da serra. A alguns metros, a capelinha da Memória consagrada à Senhora da Consolação, foi erigida sobre uma “pocinha” de água, que a Senhora do Fetal que ali apareceu, diz-se, no séc. XVII, fez aparecer para matar a sede da Pastorinha a quem antes tinha matado a fome, enchendo de pão a arca da casa da sua família, muito pobre, na aldeia. A “pocinha” de água foi obstruída, mas nem por isso essa Senhora da Consolação deixa de ser procurada para cura, como se pode ver pelas ofertas deixadas no parapeito da janelinha da capela fechada, tal como a porta.


E de súbito, quando estudamos a Mãe nas sociedades celtas, vista muitas vezes como um colectivo de três, as Matres, ou Matronae, ou as Matrubos, como as nossas antepassadas e antepassados as conheciam também por aqui, percebemos ser aquele um poderoso santuário da Grande Mãe, que o povo celta ligava tanto à Criação e Sustentação da Vida, e por isso também à Cura, como à sua regeneração, ou seja, à Morte.  E assim no mesmo lugar onde temos a vulva e a água uterina da Grande Criadora, temos um painel mostrando o milagre do pão que a Generosa Senhora da Abundância providenciou à Pastorinha a quem apareceu, e, logo ao lado, o cemitério da mesma Senhora do Fetal, lembrando que ela acolhe tando no nascimento nesta dimensão quanto no da alma na outra. De resto a aldeia venera três Senhoras - a dos Remédios, a da Consolação e a do Fetal. Sobre a história deste importante santuário, já muito sagrado e importante antes da cristandade, existe abundante literatura para quem quiser aprofundar o tema como de facto merece. Ver por exemplo Memórias do Reguengo do Fetal, Vol. I e II, Joaquim Ribeiro Gomes Calado

Em Lammas celebramos também as águas vermelhas (águas férreas) e brancas do Sangue e do Leite da Vida da Magna Mater. Por isso o ocre vermelho era usado nos rituais funerários para invocar o poder do Seu sangue regenerador, e entre nós Ela é também invocada como a Senhora do Leite, para além de a Senhora do Ó, a Senhora prestes a dar à luz, e a Senhora do Parto – memória de sociedades que valorizavam acima de tudo o milagre da Vida (ver Riane Eisler, O Cálice e a Espada)

 *Kathy Jones, Sacerdotisa de Avalon, Sacerdotisa da Deusa (obra em fase de edição e publicação em Portugal, pela Associação Cultural Jardim das Hespérides)

 Imagem 1 - Senhora da Abadia, Terras de Bouro

Imagem 2 - Serra da Estrela, Seia, zona da Cabeça da Velha

Imagem 3 - Altar de Lammas

Imagem 4 - Matres, Matronae ou Matrubos (representação da autora)

Imagem 5 - Maciço calcário estremenho

©Luiza Frazão


terça-feira, 24 de junho de 2025

Reflexões a poucos meses de uma autodedicação à Deusa como Sua Sacerdotisa

 

Atualmente sinto-me  conectada espiritualmente com o quê?

Com a natureza, com o Sol, com a s estrelas, com o ar, com a terra, com o fogo,

com o espírito, com o éter, com os sonhos  com as plantas, com as ervas com as

águas, com os ancestrais e a minha ancestralidade, com a curandeira, com a mulher

erveira e tamboreira, com os ritmos circadianos, com as estações e as festividades

ao longo da roda do ano,  com a Deusa em todas as suas formas de expressão,

comunicação e manifestação, e por último mas não menos importante com os

arquétipos da Deusa e como ELA  se manifesta em mim neste meu momento atual.

Como imagino a minha prática como sacerdotisa?

Todas as hipóteses que vou elencar são prováveis, no entanto sei que uma ou duas

irão se manifestar mais forte: Celebrar rituais? Curar? Ensinar? Mediar entre

mundos? Acolher outras pessoas? Cuidar da Terra? Ainda estou em observação do

que flui mais autêntica e genuinamente no meu coração

Qual é o meu propósito mais profundo nesse caminho?

São vários, na verdade, servir, crescer, libertar-me das amarras, medos e grilhões

que me bloqueiam, relembrar-me e acima de tudo  Amar. Amar a tudo e ao todo! è

esse o caminho e o aprendizado

Que dons já vivem em mim e que desejo cultivar ainda mais?


Diria que a intuição tem aflorado bastante. A criatividade em diversas formas, a escuta atenta e empática não só das minhas emoções como do outro também. e a

parte do mistério, da magia que envolve todas as questões cerimoniais.

Para mim, tornar-me uma sacerdotisa é lembrar quem eu sou, uma filha da

Terra, do Céu e do Mistério. É um caminho de reconexão com o Sagrado

Feminino, com os ciclos naturais, com a minha intuição e com os dons que me

foram dados. Quero aprender a guiar e a curar, não por ego, mas para servir

algo maior do que eu — a vida, a alma coletiva, a ancestralidade. Sinto que ser

sacerdotisa é viver com propósito, com beleza e com verdade.

A minha intenção em tornar-me uma sacerdotisa é servir com o coração aberto,

conectando-me com o sagrado dentro de mim e ao meu redor. Quero ser ponte

entre o visível e o invisível, curar, ensinar e honrar os ciclos da vida, da Terra e

do Espírito. Comprometo-me a caminhar com verdade, integridade e amor,

escutando a voz do divino em tudo o que é!

Ana Isabel Teixeira Oliveira

Tornar-se Sacerdotisa - qual o sentido dessa decisão nos dias de hoje?

 Uma irmã, prestes a fazer a sua dedicação como Sacerdotisa da Deusa do Jardim das Hespérides, ouvindo a voz da Deusa em si…

 


“E o trabalho de Sacerdotisa?” – perguntei.

Resposta que intui:

Tem a ver com a tua História passada, por isso te faz ressonância.

Trazes essa energia em ti e através de ti ligada a muitos outros seres essa energia vai-se manifestando cada vez mais.

Em outros tempos a energia divina habitava o Planeta de forma que os seres humanos viviam em relação de harmonia com o Planeta, honravam os seus ciclos próprios e da Terra.

A queda de que se fala tanto, foi quando se deixou de viver em harmonia com o Planeta, quando homens e mulheres se desligaram da sua essência divina e passaram a estar fora da sua dimensão divina, entraram num sono profundo no processo de reencarnação e passaram a não estar conscientes do seu propósito neste Plano, do Caminho da sua Alma, da sua peregrinação pelo Universo.

Este é um plano de reencarnação para que de forma alquímica, a Alma se torne mais pura para poder passar para frequências mais elevadas.

Para que possam também elevar a frequência do Planeta, que escolheram ser o plano e dimensão, onde habitam as Almas que passaram pela queda.

Neste Planeta vive-se em diversas dimensões, há agora a possibilidade de subir a vibração do Planeta e no mesmo planeta, vive-se em várias dimensões.

A realidade de cada pessoa depende do seu estado vibracional e dele depende o acesso à consciência e à informação e capacidades de aceder aos Guias, Anjos e Seres que a cada um acompanham.

Está-se a trazer a dimensão da Deusa a este plano, a dimensão ferida que todos os Seres Humanos trazem em si, por ter sido mutilada da dimensão do Divino, mutilada essa energia de Amor.

A chave é o Amor é ela que pode curar e resgata essa dimensão divina da Nova Terra. A Terra é um Ser vivo que se ofereceu para aceitar esta passagem das Almas que passaram pela queda, para que aqui pudessem de forma alquímica purificar-se e seguir para outras dimensões e planos.

O tempo é uma ilusão, só visível nesta dimensão onde acontece o processo de reencarnação da Alma num corpo na Terra.

Tal como as árvores e as pedras são corpos da Terra, o corpo humano é um corpo da Terra, pertence à Terra e não é a Terra que pertence aos humanos.

As Sacerdotisas oravam e com os seus rituais entravam em ressonância com a Deusa, mantendo a vibração e a harmonia dos seus corpos com os restantes corpos da Terra, fossem animais, vegetais ou minerais.

Podes tocar essa luz que ilumina e traz consciência, o despertar para algo com a ressonância emanada pelo Amor que é a vibração de elevada frequência e ela cura o corpo físico, emocional e mental. O seu motor é na região do coração no corpo humano, onde tem um dispositivo que se liga a outros lugares que existem no corpo humano e o colocam num estado de emanação de uma energia que quebra ondas de frequência de baixa vibração.

Vê, olha à tua volta e vê a energia, pode ser através de cores ou sons, que ambos retratam a frequência vibracional.

Não te envolvas nas energias de baixa frequência que te envolve, porque ela se retroalimenta e baixas a vibração. O caminho da mudança da realidade acontece de imediato, e mudas de imediato de dimensão.

Os lugares são os mesmos, mas tu podes operar de outra vibração ao lado de pessoas que estão em dimensões mais baixas ou mais altas e todos estão aparentemente no mesmo espaço físico, mas dependendo da vibração em que estão, assim será a dimensão e quanto mais elevadas as dimensões, mais acesso a informação, mais paz, mais prosperidade, porque maior o alinhamento entre a essência, o corpo e o plano em que está inserida.

Quando sentes que desces ao inferno é porque a tua vibração desce e tu sentes a vibração mais baixa do plano em que estás.

Quando a tua vibração sobe, mudas de novo de dimensão e sentes a energia subtil dessa dimensão e podes estar a viver um mesmo acontecimento numa ou em outra dimensão, a experiência será diferente dependendo do teu estado vibracional e da dimensão onde ela acontece.

A queda levou à redução vibracional do ser humano. Foi um desligar da sua dimensão primordial divina, cortado um fio invisível, não foi de um dia para outro.

Nesta Terra manifesta-se a Lei da Criação, como um micro-sistema, aqui como no Universo, como um laboratório que reflete todas as leis do próprio universo.

Aqui estamos para evoluir em consciência a outros Planos, a outras dimensões, o propósito é a Criação, a ligação a tudo é a energia que depende da vibração em que se manifesta. O Amor é a energia de mais alta vibração.

Muitos seres estão em sintonia para ajudar a humanidade no seu caminho de ascenção, para poderem evoluir a outros planos e outras dimensões e outros virão também habitar este planeta para poder também evoluir.

A história não termina neste Plano nem nesta dimensão.

Reconecta-te, estabelece e tenta manter o estado de presença.

Minha querida sacerdotisa, sinto o teu Amor e Devoção.

Sei que vem do teu coração e terás de te dedicar de Alma e Coração a esta jornada.

Há muitas distrações e tarefas diárias que te ocupam, mas foca-te nelas com estado de presença e que possas cumpri-las em serviço e com a devoção que tens.

Esse é o trabalho da Sacerdotisa, em cada passo em cada palavra.

Eu acompanhar-te-ei nesta jornada para a tua transformação e cura para que possas trazer ao Planeta e aos seres com quem te cruzes esta energia que está a voltar ao Planeta através de tantos seres que percorrem de tanta formas diferentes este mesmo caminho.

O Caminho da Deusa, do divino, da Grande Mãe, de resgate da parte amputada à humanidade, está a regressar.

Observa a natureza, funde-te com ela, observa-a na sua beleza e manifestação, ela contribuirá para os teus insights e para cuidares da tua vibração.

Este é o teu caminho, não penses nem te preocupes pelo passo seguinte porque irás vivê-lo etapa a etapa e agora avizinha-se uma nova etapa.

Dedica-lhe tempo, que estarás a dedicar a ti também, ao teu Caminho, ao teu propósito.

O Universo, a Grande Mãe, os seres que te acompanham criaram as condições para que se proporcione de forma fluida.

Ora e pede orientação quando surgirem duvidas.

Sê humilde neste caminho, não julgues, ama de forma incondicional, aceita o que surgir como algo que irá contribuir para o teu processo de transmutação.

Criarás um templo antes de tudo dentro de ti, o teu corpo é o templo da Deusa e ele deve ser o primeiro de que deves cuidar.

Nada fora pode existir sem que antes tenhas criado ou transformado dentro de ti.

Eu estarei dentro de ti e de todo o processo. Este é um caminho que irás percorrer com outras mulheres, mas acima de tudo é um caminho individual.

Atenção ao ego e à humildade, és um instrumento ao serviço da Grande Mãe, faz de ti alguém que tendo consciência tem de ter perante outros seres a enorme humildade de estar ao serviço.”

Anna Bella

Junho de 2025

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

SABES POR QUE O IMBOLC EM ÓBIDOS É TÃO SENTIDO E ESPECIAL?

No Imbolc nós celebramos o regresso da luz após o seu recolhimento no Inverno, pois a duração dos dias aumenta a partir de agora progressivamente. Celebramos assim agora a Deusa no Seu aspecto Donzela. Ela é a Deusa Menina, que na tradição celta que partilhamos com a Britânia, é a Pastorinha, the Little Shepherdess. Ela é Brígida, a Grande Deusa Celta, que tem Brigântia como o Seu aspecto Terra.

A Pastorinha é a Menina Deusa do Neolítico, Deusa do Sol e da Lua, do Fogo e da Água, que na nossa cultura também é invocada como Iria, Senhora da Cova da Iria. Ainda hoje encontramos nesse lugar as Suas mui santas águas de cura e a Sua chama eterna, lado a lado, e foi aí que se deu o famoso Milagre do Sol.

Como a relação entre ambas me parece tão estreita, invoco a Senhora do Imbolc na nossa roda como Iria-Brígida. São ideias que desenvolvo no meu livro A Deusa Celta de Portugal: A Anciã do Inverno e a Rainha do Verão, da editora Zéfiro.

Tenho, entretanto, o prazer de morar na bela vila de Óbidos, onde a Deusa me concedeu a graça de viver perto da Biquinha, uma das Suas fontes sagradas de águas de cura. Na verdade, esta vila, que segundo rezam as crónicas, foi fundada em 308 AEC pelo povo Celta, está repleta de vestígios do antigo culto desta grande Deusa. Na Porta da Graça ali em cima, lembrando que Brígida é Deusa do Limiar, realiza-se pelas noites do Imbolc, 1 de Fevereiro, uma cerimónia religiosa que consiste na distribuição e bênção de velas que se levam acesas em procissão até à Igreja de Santa Maria. Aí decorre uma missa e é por essa altura que se abençoam os bebés recém-nascidos, evocando o poder de Deusa Parteira atribuído na cultura Celta à Deusa Brígida. Santa Maria é, no meu entender, o Seu grande avatar cristão.

Mas a primeira celebração deste festival acontece por aqui a 17 de Janeiro, no cimo dum Monte agora consagrado a Santo Antão, onde se encontra um dos famosos tronos de pedra que no mundo antigo eram considerados ora pertencendo a Brígida ora à Deusa Cailleach (o aspecto Anciã da jovem Brígida em muitas mitos e lendas). Aí “A noroeste da Vila, coroando formoso outeiro que frondosas matas envolvem, foi mandada construir, em cumprimento de um voto, por D. Antão Vaz Moniz, fidalgo obidense e um dos combatentes da ala dos namorados em Aljubarrota"*, uma bela ermida dedicada ao santo homónimo. Entre os vários santos homenageados no interior da capela, destaco São Brás, por se tratar de mais um avatar de Brígida, ao qual são atribuídos muitos dos Seus antigos poderes, e é em muitos lugares também celebrado no início de Fevereiro.

Neste convívio animado, lembrando que a Deusa Pastora também é a protectora dos animais da quinta, compram-se e acendem-se velas e fitinhas, que se levam para casa: “Outra das características desta romaria está relacionada com a distribuição pelos devotos de fitas cor-de-rosa e de velas que, depois de benzidas, são colocadas ao pescoço dos animais (as fitas) e guardadas para serem acesas nos estábulos (velas), no caso de a doença visitar os moradores”.* Mais óbvio que se trata de reminiscências da antiga devoção à Grande Deusa Celta é difícil encontrar.

Entretanto, a vila de Óbidos foi outrora abastecida de água por um aqueduto, mandado construir por Catarina de Áustria, mulher de João III, em 1573, que vinha desde a Usseira, a cerca de 3 quilómetros de distância. Aí, no início do aqueduto, foi edificada uma capelinha dedicada a Santa Iria, protectora das águas que transportava.

Ainda evocando esta entidade divina, também a 20 de Outubro, o dia de Iria, realiza-se uma feira de Outono, semelhante àquela de Tomar, mais uma evidência deste culto antigo à Grande Deusa Celta, tão forte e presente ainda nesta região.

O Imbolc aqui é então do mais sentido e especial e por isso te convidamos a juntar-te à nossa celebração de 1 de Fevereiro. Sê bem-vinda ou bem-vindo!

 

*https://www.jfsmariapedrosobral.pt/freguesia/locais-a-visitar/10-ermida_de_santo_antao

 

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Caminhos das e dos Mortos - estruturas físicas e psíquicas

“Caminhos das e dos Mortos”, ou “Estradas dos Espíritos”, podem ser encontrados por toda a Europa. No Reino Unido, são conhecidos maioritariamente como corpse ways, o que traduzido à letra significa “caminhos dos cadáveres”, mas também são designados por “caminhos da igreja” – caminhos que, na época medieval, levavam quem morria até ao cemitério. Estes trilhos, porém, também possuem uma história secreta, outros atributos dos “espíritos”. Alguns estão supostamente assombrados; outros estão associados a um tipo particular de vidência.

A tradição das fadas da Irlanda fornece uma "geografia espiritual" viva - uma das últimas sobreviventes na Europa Ocidental - mas que possivelmente desaparecerá na próxima ou nas próximas gerações.

Nas antigas Américas, existem misteriosas "estradas" retas e calçadas. Estas não eram rotas para o tráfego normal do dia-a-dia, mas para os espíritos das pessoas mortas, para fantasmas extracorpóreos de xamãs e feiticeiros, e para propósitos mágicos.

No mundo pré-moderno, tanto quanto podemos detectar, havia estradas e trilhas comuns e quotidianas e havia outras rotas especiais que tinham atributos simbólicos, cerimoniais, espirituais ou mágicos - e às vezes todas essas propriedades combinadas.

Até mesmo o encontro e a separação de caminhos, o que descartamos como encruzilhadas ou cruzamentos, eram considerados locais importantes carregados de significado sobrenatural.

Mesmo onde esses caminhos, trilhas e estradas ainda estão em serviço, a sua função mudou e a maioria das pessoas que as usam agora nada sabe sobre o seu significado original.

Existem as trilhas oníricas (dreaming tracks) aborígenes australianas (também conhecidas como songlines, linhas de música), caminhos de fadas e outros caminhos espirituais de vários tipos, estradas de mortas/os, rituais misteriosos e caminhos cerimoniais nas Américas. Trata-se de infraestruturas lineares da Idade da Pedra, que podem muito bem ter sido vistas como estradas espirituais por quem as construiu e usou… Parece que terá existido uma arcaica geografia comum abrangendo os continentes asiático e europeu...

 In Fairy Paths and Spirit Roads: Exploring Otherworldly Routes in the Old and New Worlds, Paul Devereux

Em Portugal são conhecidos ainda por esta designação:

O Trilho do Caminho dos Mortos

Monção

O nome do trilho deve-se ao facto de, antes da construção das novas vias rodoviárias, os funerais, desde os lugares mais montanhosos até à igreja paroquial, se fazerem por este caminho. Os finados eram transportados em carros de bois, demorando horas até chegar à Igreja Paroquial. Além desta particularidade, podem-se encontrar, ao longo do percurso, vestígios das primeiras civilizações que assentaram nesta região, no 4º milénio A.C., mais especificamente a Mamoa do Cotinho, um monumento funerário coletivo e local de culto, onde eram depositados os mortos.

https://concelho.moncao.pt/pt/menu/858/trilho-do-caminho-dos-mortos.aspx

Fonte da imagem 2:

https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/pr1-mnc-trilho-do-caminho-dos-mortos-21483247


Em Mafra, existe também ainda o Trilho dos Mortos (imagem 1)

Fonte da imagem: https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/trilho-dos-mortos-e-vale-do-lizandro-31246833

 

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Despedida da Senhora do Verão e Acolhimento da Senhora do Inverno

 Tomar 20 de Outubro 2024

A celebração do dia 20 de Outubro, em Tomar, é sempre um momento alto na forma como vivo o meu ciclo anual. Este evento é o contraponto da celebração de 13 de Maio na Cova da Iria. Em ambos os momentos, IRIA, a Deusa do território, é invocada e celebrada - na sua forma de Rainha do Verão.

Ela também é Beira, a parte do nome composto Cale-Beira, ou Calaica-Beira, ou ainda Cailícia-Beira, Deusa Dupla, que por Beltane assume a forma jovem e é a nossa de Rainha do Verão, e no final de Outubro, quando o Samhain, o fim/princípio do ano se aproxima, assume a sua forma de Anciã Rainha do Inverno. Uma tradição celta muito muito antiga mas que se manteve viva na nossa tradição, quando foi assimilada pela igreja de Roma.

Participar nesta celebração, reinterpretando-a, ou ressignificando-a, e vivendo-a segundo a nossa visão, é uma experiência que amo e adoro desde há já alguns anos, primeiro sozinha, depois com a minha irmã Sacerdotisa Cristina Grumete, depois com outras irmãs e Sacerdotisas da Deusa do Jardim das Hespérides e outras pessoas que simplesmente se juntam ao grupo.

Conto a história desta Deusa Dupla celta e desta tradição num livro que teci com todo o material que investiguei da tradição portuguesa e que foi traduzido para Inglês e Francês.

Este ano, porque era domingo, havia um grande multidão e no meio dela, um casal que encontrámos já sobre a ponte chamou a minha atenção. Ton van der Kroon, um investigador holandês que vive em Tomar, com a sua mulher, Anne Wislez, podia ser confundido com o autor luso-americano Freddy Silva... Não era, mas... também ele é produtor de conteúdos em áreas afins... Foi delicioso o encontro que tivemos com este casal com quem descemos até ao sagrado Pego de Santa Iria, ex-libris da cidade de Tomar, tristemente engolido por um hotel que apagou a memória do antigo mosteiro construído por certo sobre um antigo templo da Deusa e por isso uma memória viva da ancestral Senhora da terra...

Os nossos caminhos de celebração, entretanto, divergiram para outras zonas mais íntimas e
significativas que, à nossa maneira, nos permitiram progredir desde a despedida de Uma ao acolhimento da Outra.

Realizámos a parte mais significativa da nossa celebração em contacto com a terra, não longe das águas do Nabão, agora um rio de morte e dissolução, depois de termos oferecido às suas águas pétalas de rosas vermelhas, como o sangue da vida, repleto de promessas de renovação, ouvindo o canto dos pássaros, sentindo no meio da verdura eterna, sobre uma camada de folhas e galhos em decomposição, a humidade trazida pelas chuvadas de Outono, aceitando a proposta de ir dentro, de ir fundo, honrando o túmulo/útero da Grande Mãe,  Senhora da Criação, da Manutenção e da Renovação da Vida. E fizemo-lo em sororidade e fraternidade,  sentindo o nosso coração bem mais aconchegado pelo sentido e significado e  profundidade que assim acrescentámos e com que enriquecemos a nossa experiência humana.

E mutuamente prometemos apoio e carinho na longa travessia do Inverno, seja ele atmosférico ou psíquico. Abençoada!

©Luiza Frazão


Obs. Versões inglesa e portuguesa deste livro à venda na Amazon.

domingo, 26 de maio de 2024

SOBRE A TERCEIRA EDIÇÃO DA CONFERÊNCIA DA DEUSA PORTUGAL 2024

 Este ano dedicada a Cale a Amante, às Deusas do Amor e à energia de Beltane

Miranda Gray
Cada conferência da Deusa é por si só um acontecimento único e irrepetível. São dois anos de preparação, sendo que o último é bem mais intenso, duma equipa de voluntárias e voluntários, em que desde a lista de palestrantes, performers, artesãs e artesãos, cerimónias e actividades, praticamente tudo é pensado, desenhado, revisto e corrigido em conjunto.

E a Conferência acaba assim por ser para nós uma grande escola, em que temos oportunidade de aprender a cocriar, sem impormos a nossa visão, seguindo aquela que sentimos como a mais adequada, usufruindo dos saberes, talentos e habilidades de todas e de todos em conjunto, e entre nós gerindo também eventuais conflitos próprios da nossa humanidade.

Entretanto, costumo dizer meio em tom de brincadeira, mas com muitíssimo de verdade, que quem quer organizar uma conferência da Deusa precisa duma Melissa Mãe como a nossa desde a primeira edição,  Cristina Grumete! Pelo seu alto grau de confiabilidade, pela seriedade e dedicação, pelo empenho e sentido da realidade essenciais para que nos sintamos enraizadas, condição indispensável para conseguimos manifestar algo desta natureza.

Yeshe Matthews
Sem sermos profissionais na organização de eventos, somos movidas pela nossa devoção à Deusa, pelo nosso entusiasmo e crença na importância do Seu resgate para o nosso tempo, bem como pela inspiração da visão do nosso Jardim Dourado das Hespérides, das Nove Irmãs do Poente, nossa herança espiritual que assim reclamamos e assumimos.

 Somos as Sacerdotisas da Deusa do Jardim das Hespérides, dedicadas ao Seu serviço. Uma dedicação feita em consciência, após dois anos, duas espirais de formação, em que aprendemos sobre as Suas faces, os Seus lugares de poder, em que aprendemos a mover-nos na Sua energia, a criar cerimónias em Sua honra, a senti-la na Sua e na nossa natureza, a vê-la nas formas da paisagem, a amá-la, a honrá-la com cânticos e orações, a conectar e invocar o nosso Self Sacerdotisa. A Conferência fornece-nos uma maravilhosa oportunidade também a nós, Sacerdotisas que honramos o nosso desejo inicial de servirmos a Deusa e queremos ir mais fundo, de sermos um veículo para a Sua manifestação, de A servirmos, que é algo que se aprende essencialmente com a experiência e com o contacto com outras Sacerdotisas que começaram primeiro, com mais anos de trabalho sacerdotal e mais vasta experiência. 

Nesse sentido, procuramos que as nossas apresentadoras tenham esse perfil que nos pode acrescentar mais. E este ano tivemos Katinka Soetens, Sacerdotisa de Rhiannon; Yeshe Matthews, do Templo da Deusa do Monte Shasta na Califórnia; Maya Vassallo di Florio, do Templo de Afrodite em Roma. Temos ainda como parte do nosso grupo cerimonial Laura Ghianda, da Itália, Sacerdotisa de Avalon e Saucco de Trivia, de Espanha, responsável pelo Templo da Deusa de Madrid.

E o nosso grupo de celebrantes integra assim, para além de Sacerdotisas do Jardim das Hespérides, Sacerdotisas e Sacerdote da tradição de Avalon e da Ibéria.

Foi também uma grande honra recebermos Miranda Gray e os seus preciosos ensinamentos. Foi lindo ter um grupo considerável das Moon Mothers treinadas por ela em Portugal a participar também do nosso evento.

Maya Vassallo di Florio

Sempre uma bênção muito especial termos uma comunicação adequada ao tema da escritora americana a viver em Portugal, aqui bem junto de Óbidos, Mary Sharrattt, uma autora de renome apostada em trazer para o seu lugar na história mulheres notáveis cuja memória foi obliterada ou desvalorizada e que este ano nos falou de Mulheres Visionárias e dos Seus Amantes Sobrenaturais.

De Portugal, tivemos Irene Crespo que nos falou da importância da sexualidade em idade mais avançada e Tamar, de O Mel da Deusa, que nos trouxe preciosos ensinamentos da sua larga experiência de sexóloga.

Foi também delicioso ouvir Mariana Vital, do Templo de Innana, falar-nos das nossas tradições antigas do culto da Deusa, como a do Dia da Espiga, que este ano calhou a 9 de Maio – dia anterior ao do início dos trabalhos da Conferência e por isso quase não íamos sendo capazes de conseguir o nosso ramo, não fosse a assistência duma das nossas formandas, a Ana Isabel, que com toda a dedicação o colheu para nós.

Momento alto foi também a maravilhosa prestação do grupo Matridança, criado e dirigido por Vera Eva Ham, que nos trouxe um excerto dum dos seus últimos trabalhos, Estriga. Também a dança de Saucco de Trivia/ Angel Roda Saucco, bailarino profissional e professor de dança, sempre nos encanta e comove.

E espero não ter esquecido ninguém porque o nosso programa deste ano era particularmente rico e muito intenso.

Mariana Vital


Foi por isso que  a noite do segundo dia, sábado 10 de Maio, momento de irmos mais fundo no coração dos mistérios, foi ainda mais especial e sentida por termos conseguido atravessar um portal até à mais profunda serenidade e amor da Deusa Amante, através das Suas Sacerdotisas. E gratidão profunda mais uma vez ao Rafael Narciso e a Nadine Santos pelo som das taças e do gongo com que criaram a atmosfera ideal para a sacralidade do momento.

É sempre um milagre, enquanto anfitriã da Conferência, olhar à minha volta e ver esse conjunto, não só de talentos, como de grandiosas personalidades, low profile na sua maioria, mas tão especiais, que a Deusa congrega para se reunirem a este grupo que um dia sonhou e manifestou a vontade e a disponibilidade para reavivar a Sua antiga e eterna glória na nossa terra.

E apesar dos desafios, a quarta edição é um desejo sentido no coração de toda esta equipa e sugiro que desde já reservem as datas de 8, 9 e 10 de Maio de 2026, quando celebraremos Cale da Água e todas as Senhoras das Águas do nosso território.

Enquanto anfitriã e coordenadora da Conferência, a minha profunda gratidão a toda a equipa, de cerca de 30 pessoas, que deu o melhor do seu coração, saber, tempo e boa vontade para que tudo corresse pelo melhor e pudéssemos suplantar tantos obstáculos.

Muito orgulhosa das nossas Sacerdotisas da Deusa do Jardim das Hespérides! Juntas no amor da Deusa, conseguimos!

Grupo Cerimonial e Sacerdotisas do Círculo


Lembrar que a formação de Sacerdotisas acontece agora nas novas instalações do Templo da Deusa na Costa de Prata, Caldas da Rainha e lugares sagrados da Deusa na Sua natureza envolvente e que as inscrições estão abertas para a próxima Espiral, ver aqui programa e calendário 👇

https://templodadeusa.com/a-formacao-de-sacerdotisas-do-templo-do-jardim-das-hesperides/

Para consultar programa da terceira edição da Conferência e palestrantes e equipa cerimonial 👇

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Abençoada!

©Luiza Frazão (Coordenadora e anfitriã da Conferência da Deusa Portugal)

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Tamar e tradutora Joana Nobre
Testemunhos

Meu coração está cheio de amor e gratidão por todas as bênçãos que recebi e compartilhei nestes dias da Conferência da Deusa Portugal 2024.

Foram tantos momentos maravilhosos, o encontro impagável com minhas irmãs e irmãos amados de várias partes do mundo e, assim ter a oportunidade de servir novamente nesta missão tão linda.

Gratidão profunda a Luiza Frazão por orquestrar nossa linda Conferência, por me convidar a fazer parte do Grupo Cerimonial e ancorarmos o amor em todas as suas formas.

Gratidão profunda a Cristina Grumete por todo o apoio, a todas as irmãs e irmãos que tornaram este sonho possível pelo servir tão amoroso, especialmente a Ana Bergano, Isabel Angélica Costa, Laura Ghianda Oselladore, Filipa Faustino, Saucco de Trivia, Sandra Coelho, Mariette Gomes Capinha, todas as queridas sacerdotisas do círculo e melissas.

Gratidão a todas as pessoas que mantiveram viva a consciência do Sagrado Feminino, a honra às divindades femininas de diversos panteões, à nossa terra e todos os seres da nossa extensa família planetária nestes dias inesquecíveis.

Gratidão. Gratidão. Gratidão.

Muitas bençãos,

Juliana Di Avalon (Sacerdotisa de Avalon, Cerimonialista na Conferência da Deusa Portugal)

 

Katinka Soetens

Estar, ser e participar na "Conferência da Deusa 2024" proporcionou-me uma oportunidade de auto-conhecimento, de reencontro comigo própria,  com o divino em mim, com a Energia Amante da Deusa.

Uma oportunidade de entender,  de me entender,  de entregar,  de me entregar. De mergulhar muito profundamente na minha essência, nas minhas sombras, nas minhas águas, no meu fogo. De atentar, pela experiência direta, no ponto em que estou, relativamente a essas sombras, assim como aos meus dons. Para, com esse conhecimento,  poder abraçar e transmutar as primeiras e exponenciar os segundos, de forma mais plena, amorosa e segura.

Foi, portanto,  um Encontro privilegiado para a Cura e Transformação, nos Caminhos Iniciáticos da Deusa.

Saímos revigoradas, gratas, com outro nível de consciência.

Com a vontade de continuar este trabalho tão nobre e com a noção da importância de o fazer.  De que urge reaprendermos a ouvi-La e a senti-La, a escutar-nos e a amarmo-nos,  sem artifícios, sem negações. Antes, em aceitação e rendição pura e plena. Neste estado enlevado de amada e de amante.

Com a consciência e o desejo de me dar tempo para continuar a integrar o tanto que aprendi,  relembrei e me revi.

Mais ciente da importância de ser confiante,  sem presunção ou timidez, assim como do resgate e aceitação do meu legítimo lugar ao sol e com a bênção da lua.

Quero agradecer à Deusa pelo seu Amor.

E à Luísa Frazão e a todas e todos os envolvidos nesta Conferência pelo incrível trabalho,  companhia e intuição.

Bem-hajam.

Fátima Remédios

 

Procissão 

Gostei muito desta Conferência! Obrigada por criarem um evento da mais alta qualidade e exalarem amor e paixão. Que bom poderem celebrar connosco, em alegria, em beleza e união. Saudades.

Alfredo Finoto (Sacerdote de Avalon)

Hoje é o primeiro dia de regresso a casa depois da Conferência da Deusa Portugal e eu dormi literalmente o dia todo!

Mas sabem que mais?

Isso torna tudo mais real: num tempo em que a espiritualidade é praticamente uma fantasia, dissociada da vida quotidiana, empurrada por slogans mas incapaz de ser uma ajuda real, nós fizemos tudo isto.

Trabalho árduo, empenhamento, um ano de preparação, resolução de dificuldades, flexibilidade, esforço para melhorar, sempre...

Para o nosso próprio bem e o da comunidade humana.

Agradeço o convite à Luiza Frazão , idealizadora da conferência e da visão do Jardim das Hespérides, por ter me querido de volta no grupo de cerimonial, e foi maravilhoso reencontrar pessoas com quem já trabalhei tão bem, como o meu querido Saucco, Sacerdotisa Juliana Di Avalon, Isabel Angélica Costa, Ana Bergano, Sandra Coelho, Mariette Gomes Capinha , Filipa Faustino e a minha querida Cristiana Reigota - devo dizer que a comida dela era imbatível, Mónica Campanhã (olha o que ela sabe costurar! ), Sandra Cristina Santos, Sandra Monteiro, Xenia Bendit, Claúdia Ramos Gabadinho, Célia Reis, Alice Campos, quem é que eu não estou a etiquetar? e à super melissa toda ela mãe, Cristina Grumete!

A todas as melissas e ao grande José [companheiro de Cristina Grumete]



Alfredo Finoto, Laura Ghianda e
Sara Ramadoro

Claro que uma menção especial vai para a tradutora mais ovacionada de sempre, Joana Nobre! Foi ótimo rever amigos históricos como Maya Vassallo Di Florio, com quem me diverti imenso, Sara Ramadoro e Alfredo Finotto e Katinka Soetens, mas também conhecer finalmente Yeshe Matthews em pessoa!

Para um urso como eu, estes são eventos que dão sentido à vida!

Laura Ghianda (Sacerdotisa de Avalon, cerimonialista e palestrante na Conferência da Deusa Portugal)

 

 Imagens: gratidão a todas as autoras, desde As Faces da Deusa, a Yeshe Matthews, Katinka Soetens e outr@s eventualmente :)

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