Ser Sacerdotisa.... foi um desejo que verbalizei em Glastonbury,
em 2018, como se fosse intangível, mas no meu coração já estava gravado há
muitos anos e muitas vidas.
Já tinha iniciado a minha caminhada espiritual há alguns bons anos
e sempre desejava desenvolver cada vez mais o sagrado feminino, procurando neste
sentido me curar. Procurava constantemente na minha linhagem a minha voz, a
minha expressão como mulher de várias formas e pouco a pouco sentia que o fazia
e o que tocava e concretizava com a pintura, o desenho, os diversos artesanatos
e nas relações laborais do meu quotidiano demonstrava um pouco disso.
Nesse Agosto de 2018, a minha vida mudou quando na viagem a
Glastonbury fiz o meu mergulho da gruta sagrada, com as águas mais geladas que
já alguma vez me molhei, ao ponto que com o frio o meu corpo deixava de sentir
e quando vinha ao de cima, as três vezes, senti o meu renascimento, a minha
passagem, o meu renascer de novo.
Nesse mesmo dia participei na procissão da Conferência da Deusa e
enquanto via a procissão a aproximar-se com todas aquelas mulheres a tocar
tambor, vestidas cheias de cores e a cantar com toda a sua força o meu corpo
estremeceu e os meus olhos encheram-se de lágrimas e eu senti que havia uma
bolha protegida no meu peito, num cantinho secreto, que rebentou nesse momento
e não havia volta. No percurso da procissão, enquanto subíamos, eu segui a música,
a magia, as mulheres, a tribo e não me lembro de ver ninguém à minha volta,
como se estivesse a viver um momento já vivido e não com aquelas pessoas. No
local, as sacerdotisas fizeram a roda e posicionaram-se nos seus lugares para
invocarem todas as Deusas, direções e elementos... nesse momento uma sacerdotisa
chama-me e pede-me auxílio para eu segurar o seu estantarte e ficar na roda até
ao fim... ai fiquei... petrificada.... senti que enraizei de tal forma que
sentia a energia da terra, da sua concretização e do seu chamamento... senti a
energia dos elementos, das deusas de avalon e das suas morganas com tanta força
e energia que as imagens que passavam na minha visão eram confirmações que
estavam a acontecer, mas de outras épocas... este é o meu lugar, um lugar na
roda, um lugar onde possa invocar com o coração, onde possa invocar os
elementos aos quais estou ligada, onde possa ser eu, com todo o meu poder pessoal
e com toda a minha força, eu uma mulher da Deusa.
Quando cheguei a Portugal, a Deusa, através de uma grande amiga, coloca-me
a Luiza Frazão no meu caminho, que maravilhoso ter a oportunidade de descobrir
os mistérios, a magia e a energia da Deusa no meu território, assim inscrevi-me
no Curso de Sacerdotisas do Jardim das Hespérides.
Neste momento, estou mesmo a acabar a Segunda Espiral e ficarei
Sacerdotisa do Jardim das Hespérides e sempre que encaixo esta ideia o meu
abdoman fica tenso e o meu coração dispara.
Ser Sacerdotisa é tanto e muito mais .... do que aquilo que neste
momento eu espero.
Ser Sacerdotisa é estar conectada com a natureza a todo o momento,
é sentir a linguagem dos animais, a vibração da terra, o movimento do mar e das
águas profundas e superficiais, o cantar do vento, o tremor das rochas e o
calor do fogo interno.
Ser Sacerdotisa é confiar, é desapego, é abundância, é
concretização, é renovar a pele sem medos, é quebrar máscaras, é curar feridas
profundas, é descobrir a nossa verdadeira linhagem, ter orgulho da nossa
ancestralidade e honrar todos os ensinamentos antigos.
Ser sacerdotisa é ser feliz na companhia da Deusa, é dançar, é
cantar, é meditar, é silenciar e ouvir sempre a voz do nosso coração.
Ser Sacerdotisa é ter os sentidos no seu esponencial máximo para
assim ver, sentir, ouvir, cheirar, intuir e saborear sempre muito mais além.
Ser Sacerdotisa é mostrar ao mundo a voz feminina, o sagrado e o
centro da criação. É fazer parte da regeneração mundial de pensamento e
comportamentos femininos.
Ser Sacerdotisa é uma responsabilidade desempenhada com um amor
profundo, um amor incondicional.
Ser Sacerdotisa é Ser Mulher em pleno com o seu sagrado.
Todos os dias eu peço força para caminhar neste trilho e nunca
descarrilar.
Abençoada seja a Deusa
Cristina Grumete
(quase Sacerdotisa mas Irmã do Jardim das Hespérides)
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